sexta-feira, 17 de abril de 2015

A Dor da Rejeição

Tenho andado a pensar na forma como deveria abordar este tema, uma vez que nunca quis que este blog ficasse “lamechas” ou “melancólico”. No entanto, tenho recebido alguns emails e acho que é um tema que eventualmente teria de abordar. Por que não agora?
Antes de mais, muito obrigado por partilharem as vossas histórias comigo e por permitirem que elas sirvam de inspiração para as minhas "divagações". O vosso apoio tem sido espetacular e, ao começar esta aventura, nunca pensei que alguém ligasse ao que eu ia escrever. Obrigada também às minhas amigas que são a minha constante inspiração e as quais me permitem “ajudar” com os meus conselhos meio tontos. Vocês são o melhor do mundo!
Depois de ler algumas das vossas histórias, e de olhar para a minha, eu percebi que quando as relações terminam, ou quando gostamos de alguém e por algum motivo não dá certo, a nossa tristeza não se deve ao facto de perdermos alguém de quem gostamos. Claro que isso nos entristece! Mas o que cria aquele buraco no coração é o nosso amor-próprio a ser ferido… é o sentimento de rejeição. E como lidar com este sentimento? Como ultrapassar esta negatividade que faz de nós pessoas cinzentas e sem vida?
Antes de responder a estas questões vou contar-vos algo sobre mim. Nunca quis colocar as minhas experiências aqui e sempre tentei falar de tudo no geral. O blog era mais um desabafo sobre situações que acontecem a todos e a minha opinião sobre essas situações. Mas sinto que depois de algumas partilhas vossas, e a pedido de algumas, é justo que coloque algo de mim aqui.

Há mais de um ano um rapaz chamou a minha atenção. Via-o todos os dias, mais ou menos à mesma hora. Escusado é dizer que ele nunca reparou em mim e eu preferia assim. Na verdade, o meu namoro de anos tinha chegado a uma fase que já previa o seu fim e o facto de alguém me chamar a atenção era indicativo de que talvez o amor se tivesse esgotado e só tivesse ficado a amizade. Eu sou o tipo de pessoas que acredita que tudo acontece por algum motivo e assim que as coisas acontecem eu tento perceber o que aprendi e qual o “saldo” que ficou. Claro que isto não ajudou quando o meu namoro terminou. Como qualquer pessoa eu fiquei de rastos. Afinal tinham sido anos ao lado de uma pessoa que para além de namorado era o meu melhor amigo. Ainda hoje não lhe consigo apontar uma falha que seja e conseguimos manter a amizade. Por mais incrível que pareça consegui em dois meses recuperar minimamente para voltar a sair e divertir-me… Claro que por vezes lá vinha a saudade, mas não andei a chorar pelos cantos.
Mas voltando à história que vos queria contar. Não vos sei dizer se fui eu, que por algum motivo deixei de reparar nele, ou se ele desapareceu mesmo, mas durante mais ou menos seis meses deixei de ver o tal rapaz. Chegando o verão, deixei de ir ao local onde o costumava ver e por mais incrível que pareça foi nessa altura que o voltei a reencontrar. Lisboa é uma cidade grande e nunca tinha acontecido encontrá-lo noutros locais que não fosse aquele e àquela hora. Nesse verão encontrei-o quatro vezes em locais diferentes e cheios de pessoas, sendo que a última foi num bar ao qual costumo ir há algum tempo e que no meu aniversário, nos últimos anos, tem sido ponto de paragem. Escusado é dizer que se já lhe achava piada, estes “encontros” fizeram com que achasse mais. Ele continuou sem reparar em mim até que, no final do verão, quando voltei a “frequentar” o local onde o costumava ver todos os dias, o voltei a encontrar. Ele já não aparecia onde o via antes e para dizer a verdade eu comecei a demonstrar que o reconhecia porque comecei a cruzar-me com ele em locais onde nunca o tinha visto… Claro que ele não deve ser parvo e começou a perceber que eu mostrava algum interesse e quando me voltou a ver no bar reconheceu-me. Não vos vou maçar com mais pormenores porque para o post de hoje tal não interessa. Muito resumidamente, hoje, passados quatro meses desde a última vez que o vi, tive a certeza que ele não me quer conhecer.
Eu não fiquei à espera de o conhecer… É importante que não se fixem na ideia de uma possibilidade (que pode nunca vir a acontecer) e fechem a porta a pessoas que podem vir a ser o que procuram. Pelo menos é esta a minha opinião. Durante este tempo tive encontros, continuei a sair com os meus amigos e, embora por vezes pensasse nele, interessei-me por outra pessoa (alguém “real” que conheci).
Acho que vos conto isto para perceberem que parte de nós a forma como lidamos com a rejeição. Podia estar a chorar pelos cantos, mas não estou. Não estou triste também… e mesmo o sentimento de rejeição, que achei que ia sentir quando tivesse a certeza de que ele não me queria conhecer, não foi forte o suficiente.
De qualquer forma deixo-vos as fases que identifico nestas situações e que podem ajudar-vos.
1 – O que chamo “Tempo de luto”.
Basicamente é o tempo que nos permitimos sentir tristes. É normal ficarmos tristes com uma rejeição independentemente de que tipo for (relacionamento, pessoal ou profissional) e é saudável sentirmo-nos tristes com isso. Eu penso que muitas vezes é na dor que nos encontramos a nós mesmos. Mas ao contrário do que muitos dizem eu não acho nada saudável ficarmos em casa a remoer tudo. O importante é saber que fizemos tudo o que podíamos. Nada de “e se…”!!! 
2 – Chamar os Amigos!
Nestas alturas o melhor é falamos com amigos de confiança… daqueles que nos dizem a verdade doa o que doer… Eles podem ajudar a perceber o porquê das coisas não terem dado certo e evitam que se entre em depressão. Não vale a pena mandar indiretas nas redes sociais… Para além de cobarde isso mostra a infantilidade da pessoa. E acima de tudo… não vale a pena puxar sempre o assunto. O importante para sair desta fase, é aproveitar para se estar com os amigos, divertir e tirar a cabeça do assunto e não estar sempre a relembrar o mesmo. Ninguém gosta de pessoas que têm pena deles próprios. Aproveite para se divertir!
Por norma nesta fase começamos a ver que a outra pessoa não era perfeita e tinha um monte de defeitos… Os amigos também servem para ouvir os desabafos que temos e ajudam-nos a chegar a conclusões importantes.
3 – Começar a esquecer!
É importante também não estar sempre a pensar nisso… se já existem sinais de que o mais provável é que exista uma rejeição o melhor é aceitá-la logo e ir-se mentalizando. Quando ela acontece já está mais preparada e dói menos. Acresce que é importante pensar-se que só porque não deu certo daquela vez que nunca vai dar… Todos nós já lidamos com rejeições e já rejeitamos alguém… Também não temos de levar para o lado pessoal… simplesmente a outra pessoa não sente o mesmo que nós… é normal e tem todo o direito disso…
Eu costumo dar-me um prazo para estas fases. Digo “só vou chorar esta semana”, ou “daqui a dois meses volto a sair com os amigos”, ou “no mês x começo a aceitar convites para sair”. Isto ajuda porque dá-nos mentalmente um prazo para sofrer mas chegando o final do prazo acabou! É hora de deixar ir e perceber o que se pode aprender com isso. Quando estamos tristes emitimos um género de sinal e as outras pessoas afastam-se… ninguém gosta de pessoas que andam sempre tristes e com pena delas mesmas…

Espero ter ajudado… E continuem a enviar as vossas histórias. Por vezes demoro a responder mas é um gosto ler os vossos feedbacks.

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