Tenho andado a pensar na forma
como deveria abordar este tema, uma vez que nunca quis que este blog ficasse
“lamechas” ou “melancólico”. No entanto, tenho recebido alguns emails e acho
que é um tema que eventualmente teria de abordar. Por que não agora?
Antes de mais, muito obrigado
por partilharem as vossas histórias comigo e por permitirem que elas sirvam de
inspiração para as minhas "divagações". O vosso apoio tem sido espetacular e, ao
começar esta aventura, nunca pensei que alguém ligasse ao que eu ia escrever.
Obrigada também às minhas amigas que são a minha constante inspiração e as
quais me permitem “ajudar” com os meus conselhos meio tontos. Vocês são o
melhor do mundo!
Depois de ler algumas das vossas
histórias, e de olhar para a minha, eu percebi que quando as relações terminam,
ou quando gostamos de alguém e por algum motivo não dá certo, a nossa tristeza
não se deve ao facto de perdermos alguém de quem gostamos. Claro que isso nos
entristece! Mas o que cria aquele buraco no coração é o nosso amor-próprio a
ser ferido… é o sentimento de rejeição. E como lidar com este sentimento? Como
ultrapassar esta negatividade que faz de nós pessoas cinzentas e sem vida?
Antes de responder a estas
questões vou contar-vos algo sobre mim. Nunca quis colocar as minhas
experiências aqui e sempre tentei falar de tudo no geral. O blog era mais um
desabafo sobre situações que acontecem a todos e a minha opinião sobre essas
situações. Mas sinto que depois de algumas partilhas vossas, e a pedido de
algumas, é justo que coloque algo de mim aqui.
Há mais de um ano um rapaz
chamou a minha atenção. Via-o todos os dias, mais ou menos à mesma hora.
Escusado é dizer que ele nunca reparou em mim e eu preferia assim. Na verdade,
o meu namoro de anos tinha chegado a uma fase que já previa o seu fim e o facto
de alguém me chamar a atenção era indicativo de que talvez o amor se tivesse
esgotado e só tivesse ficado a amizade. Eu sou o tipo de pessoas que acredita
que tudo acontece por algum motivo e assim que as coisas acontecem eu tento
perceber o que aprendi e qual o “saldo” que ficou. Claro que isto não ajudou
quando o meu namoro terminou. Como qualquer pessoa eu fiquei de rastos. Afinal
tinham sido anos ao lado de uma pessoa que para além de namorado era o meu
melhor amigo. Ainda hoje não lhe consigo apontar uma falha que seja e conseguimos
manter a amizade. Por mais incrível que pareça consegui em dois meses recuperar
minimamente para voltar a sair e divertir-me… Claro que por vezes lá vinha a
saudade, mas não andei a chorar pelos cantos.
Mas voltando à história que vos
queria contar. Não vos sei dizer se fui eu, que por algum motivo deixei de
reparar nele, ou se ele desapareceu mesmo, mas durante mais ou menos seis meses
deixei de ver o tal rapaz. Chegando o verão, deixei de ir ao local onde o
costumava ver e por mais incrível que pareça foi nessa altura que o voltei a reencontrar.
Lisboa é uma cidade grande e nunca tinha acontecido encontrá-lo noutros locais
que não fosse aquele e àquela hora. Nesse verão encontrei-o quatro vezes em
locais diferentes e cheios de pessoas, sendo que a última foi num bar ao qual costumo ir há algum
tempo e que no meu aniversário, nos últimos anos, tem sido ponto de paragem.
Escusado é dizer que se já lhe achava piada, estes “encontros” fizeram com que
achasse mais. Ele continuou sem reparar em mim até que, no final do verão,
quando voltei a “frequentar” o local onde o costumava ver todos os dias, o
voltei a encontrar. Ele já não aparecia onde o via antes e para dizer a verdade
eu comecei a demonstrar que o reconhecia porque comecei a cruzar-me com ele em
locais onde nunca o tinha visto… Claro que ele não deve ser parvo e começou a
perceber que eu mostrava algum interesse e quando me voltou a ver no bar
reconheceu-me. Não vos vou maçar com mais pormenores porque para o post de hoje
tal não interessa. Muito resumidamente, hoje, passados quatro meses desde a
última vez que o vi, tive a certeza que ele não me quer conhecer.
Eu não fiquei à espera de o
conhecer… É importante que não se fixem na ideia de uma possibilidade (que pode
nunca vir a acontecer) e fechem a porta a pessoas que podem vir a ser o que
procuram. Pelo menos é esta a minha opinião. Durante este tempo tive encontros,
continuei a sair com os meus amigos e, embora por vezes pensasse nele,
interessei-me por outra pessoa (alguém “real” que conheci).
Acho que vos conto isto para
perceberem que parte de nós a forma como lidamos com a rejeição. Podia estar a
chorar pelos cantos, mas não estou. Não estou triste também… e mesmo o
sentimento de rejeição, que achei que ia sentir quando tivesse a certeza de que
ele não me queria conhecer, não foi forte o suficiente.
De qualquer forma deixo-vos as
fases que identifico nestas situações e que podem ajudar-vos.
1 – O que chamo “Tempo de luto”.
Basicamente é o tempo que nos
permitimos sentir tristes. É normal ficarmos tristes com uma rejeição
independentemente de que tipo for (relacionamento, pessoal ou profissional) e é
saudável sentirmo-nos tristes com isso. Eu penso que muitas vezes é na dor que
nos encontramos a nós mesmos. Mas ao contrário do que muitos dizem eu não acho
nada saudável ficarmos em casa a remoer tudo. O importante é saber que fizemos
tudo o que podíamos. Nada de “e se…”!!!
2 – Chamar os Amigos!
Nestas alturas o melhor é
falamos com amigos de confiança… daqueles que nos dizem a verdade doa o que
doer… Eles podem ajudar a perceber o porquê das coisas não terem dado certo e
evitam que se entre em depressão. Não vale a pena mandar indiretas nas redes
sociais… Para além de cobarde isso mostra a infantilidade da pessoa. E acima de
tudo… não vale a pena puxar sempre o assunto. O importante para sair desta fase, é aproveitar para se estar com os amigos, divertir e tirar a cabeça do assunto
e não estar sempre a relembrar o mesmo. Ninguém gosta de pessoas que têm pena
deles próprios. Aproveite para se divertir!
Por norma nesta fase começamos
a ver que a outra pessoa não era perfeita e tinha um monte de defeitos… Os
amigos também servem para ouvir os desabafos que temos e ajudam-nos a chegar a
conclusões importantes.
3 – Começar a esquecer!
É importante também não estar
sempre a pensar nisso… se já existem sinais de que o mais provável é que exista
uma rejeição o melhor é aceitá-la logo e ir-se mentalizando. Quando ela
acontece já está mais preparada e dói menos. Acresce que é importante pensar-se
que só porque não deu certo daquela vez que nunca vai dar… Todos nós já lidamos
com rejeições e já rejeitamos alguém… Também não temos de levar para o lado
pessoal… simplesmente a outra pessoa não sente o mesmo que nós… é normal e tem
todo o direito disso…
Eu costumo dar-me um prazo para
estas fases. Digo “só vou chorar esta semana”, ou “daqui a dois meses volto a
sair com os amigos”, ou “no mês x começo a aceitar convites para sair”. Isto
ajuda porque dá-nos mentalmente um prazo para sofrer mas chegando o final do
prazo acabou! É hora de deixar ir e perceber o que se pode aprender com isso. Quando
estamos tristes emitimos um género de sinal e as outras pessoas afastam-se…
ninguém gosta de pessoas que andam sempre tristes e com pena delas mesmas…
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